28 agosto 2006

Isto não é um poema...

...ma[i]s um dia ensolarado
de nuvens caminhando ao meu lado
sem destino, em solidão

um dia inusitado
em que questionei meu estado
talvez chegando a alguma conclusão

sonhei ler meu caminho escrito
sem previsões em desalinho
ou compassos de dor e confusão.
vislumbrei meu presente
pretensões existentes
alegrias sem um senão

sem me aperceber da vida
ceguei-me perante as conquistas
esfomeei minha auto-estima

tão jovem alcancei alguns fins
sem me dar conta pra não me perder.
que seria de mim se o Sol quisesse atingir
e em minha casa ele viesse morrer?


vou me deixar ao vento
planando sem direção
desfrutando das conquistas
para que não escapem de minhas mãos...

...mais mil dias ensolarados
nuvens, frio e trovão
chuvas a lavarem as calçadas
flores a perfumarem o coração

mais mil dores jogadas pela calçada
mil vezes mil dias de solidão
mil vezes mil momentos de alegria
multiplicando a amplitude de percepção


Keila Sgobi
28/08/2006

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20 agosto 2006

Histórias de pescador

poema a três cabeças

I

Dom Serapião plantava girassóis albinos

que dançavam à luz do céu
seguindo as estrelas
a seguir Dom Serapião

II

Os cachorros pestanejavam

girando num movimento florestrelar
ao redor das árvores sem pestanas
recostando à sombra seca

III

Naquele vazio infinito

infinito até dizer chega
chega a hora de parar
parar e fechar a luneta


Keila, Nanna e Remo Saraiva

06/08/2006

13 agosto 2006

Uma Rosa de Cristal

por Carlos Alberto Grespan e Genival Barros

Uma rosa de cristal
Brotando no chão
Uma raiz de fogo
no meu coração
E por incrível que pareça
eu choro na partida
Uma rosa de cristal
por mim ferida

Foi tudo isso que eu falei no artigo 6
Na constituição do artigo 3
E da prostituição o que eu vou dizer
Falta café com leite para todos vocês

E vem a turma da pesada do coração frio
Assassina um zé coitado e joga no rio

Foi tudo isto que eu falei no artigo 6
da corrupção do artigo 3

e da corrupção o que eu vou dizer
falta isto falta aquilo falta até você

E o culpado disto tudo é você zé
Não adianta mais chorar por você zé
Vai pagar todos os imporstos para entrar no céu
quem mandou escrever tua sorte com aveia e mel
e o culpado de tua morte é você zé

E o mundo morreu na hora certa
Certo que renasceria
Mas não renasceu
Na hora certa, zé, na hora certa


Obs.: Uma homenagem ao meu pai, seu Barros.

12 agosto 2006

Matuto na cidade

Anuviô
e os zóio marejô
c'um orváio que caiu
quando a noite se findô

esfriô di arrepiu
já nem vejo nosso sinhô.

Keila Sgobi
31/07/2006

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Ps.: As coisas que o Pedrinho faz...

03 agosto 2006

No cio (ou o verdadeiro amor)

Curvada de dor,
agachei-me no meio-fio
observando uma totó sentada
que olhava para o vazio

Nossos olhares se cruzaram
e a cadelinha compadeceu-se de minha dor

Levantando-se a abanar o rabo
em minha direção caminhou,
entrelaçou-se em meus braços
e minhas mãos beijou

mesmo com sangue em meus lábios
tranquilizei-me com tanto afeto e amor


Keila Sgobi
03/08/2006

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