26 maio 2006

Cora

Ela olha
e se cora
Cora-colorida
na hora da saída.

Ele namora,
então não olha
Lev'embora a preferida
mil beijos na despedida.

Cora olha
e descora
finge que não adora;
por dentro, só chora.

Cora olha,
mas não cora
nem descora
apenas, olha
olha
olha...


E sua última lágrima
seca
rola.


Keila Sgobi
16/05/2006

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20 maio 2006

Corridinho

de Adélia Prado

O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.

18 maio 2006

eu até pensei
- até pensei
em atualizar o poeblog com mais um poemeto
engraçado.

desisti.

o medo não me escurraçou da escola
não me tirou das ruas depois das 23 horas
não me tolhiu o direito de piora

mas estou aqui
olhos abertos
peito pregado de sono
sem respirar
sem respirar
ar.


Keila Sgobi
17/05/2006

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15 maio 2006

um jogo

o Rei exposto
engana o adversário

em poucas jogadas
Bispos derrubam Torres
Torres atropelam Cavalos
Cavalos deixam a Rainha em xeque

num blefe
o adversário reage
e seus Peões são ameaçados

pânico
trânsito no tabuleiro
mórbido.

Peões correm
correm
correm
e conseguem chegar
sãos e salvos...



e no xadrez
eles jogam xadrez
em tabuleiro terreno
com peças humanas



Keila Sgobi

15/05/2006

14 maio 2006


As águas Celestiais
escorrem pelo vidro da
janela,
enquanto minhas lágrimas
descem pelo meu
rosto.

Cada gota roçando
Cada canto de minha
face...
Regando minha pele,
- toda umedecida.


Meu pranto vai se
calando
com o serenar da
Chuva,
mas meu peito continua a
Estremecer.

Não consigo pensar...
Não explico o porquê,
Simplesmente não posso entender
Porquê hei de ser só,
De magoar quem amo
Para todo o sempre.


Não adianta.
Meu fim é a solidão.


Keila Sgobi

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13 maio 2006

Making of - Dedão Pedra Caminho...

Inspirado em um poema de Drummond e do meu querido Amigo Poeta Octavio Roggiero, se não me engano...

Ele - o poema e o poeta - acabou (acho que acabaram, não?) me inspirando a criar o poe-blog.

É isso.

Keila Sgobi

06 maio 2006

Dedão Pedra Caminho Sapato

O caminho lá
tem suas pedras a enfrentar
por isso usamos sapatos
para dos pés cuidar.

Mas as pedras são espertas
e gostam de amolar
logo encontram um jetinho
de nos incomodar.

Pequeninas, de mansinho
saem a procurar
qualquer buraquinho
no sapato para entrar.

Eis que gasto ou folgadinho
O sapato dá uma brecha
basta somente um passinho
para a morada certa.


Keila Sgobi
maio/2005

(copyleft)